top of page

Vamanāvatāra, a quinta encarnação de Vishnu


Vamana é uma personalidade nascida no seio de uma família da casta mais alta da sociedade hindu, os bramanes, descrito como a quinta encarnação do deus Vishnu, e a primeira da segunda era, ou Treta Yuga. É, também, o primeiro avatar que aparece sob a forma humana. 'Vamana', que significa 'anão', 'pequeno' ou 'baixa estatura', em sânscrito, é ainda conhecido por outros nomes, nomeadamente:

  • Balibandhana: Aquele que agrilhoou o demónio Bali

  • Trivikrama: 'três passos' ou 'três passos'

  • Upendra: 'irmão mais novo de Indra' como Vamana Avatar nasceu como um dos 12 Adityas - filhos - de Aditi e do sábio Kashyap.

  • Urukrama: 'passo largo' como Vamana Avatar cobriu toda a existência com o segundo passo.

  • Vamanadeva: ‘Deus Anão’ (Vamana significa anão e Deva significa Deus)



A iconografia de Vamana geralmente mostra-o já crescido (em tamanho gigante), com um pé firmemente plantado na terra e o outro levantado como se fosse dar um passo largo. Se mostrado de baixa estatura, as esculturas podem retratá-lo como um anão deformado ou como um brahmacharin (estudante monástico), vestido com pele de veado, tanga, fio sagrado do aprendiz e com o cabelo tufado.



A lenda que envolve o anão de Vishnu encerra uma trama relativamente simples, pelo que as lições que nos transmite prendem-se com a prudência necessária em todas as nossas acções.


Ela tem palco na sequência de uma guerra purânica (ancestral), na qual o rei dos deuses, Indra, que tinha perdido o seu império (os três mundos) para o rei dos demónios - Bali, invoca Vishnu para o recuperar. Este encarna tomando a forma de um anão, chegando à terra no ventre da mãe de Indra - Aditi, tendo um bramane como pai - Kashyapa. Para todos os efeitos era considerado um bramane anão, um mestiço híbrido de casta e além do mais, deficiente físico (um anão) e portanto um bramane insignificante.



A lenda de Vamana, o avatar anão


No ínicio da segunda era, a terra era governada pelo rei dos asuras (demónios) Daityaraj Bali, neto de Prahlad e filho de Virochan, também conhecido por Mahabali.


Após a agitação dos oceanos (episódio de Samudra Manthan, com Vishnu encarnado na forma de tartaruga, ou Kurmavatar), os deuses tornaram-se imortais e poderosos ao reaverem Amrit, o néctar da imortalidade, quando Indra derrotou os asuras tendo morto o Rei Daityaraj Virochan.


O filho mais novo de Virochan, Bali, que sempre quis vingar a morte do pai, pretendia derrotar Indra e tornar-se o rei dos três mundos. Para tal, procurou Sukracharya, o guru dos asuras (o mestre dos demónios) para saber como recuperar o seu reino e todo o seu poder. Sukracharya aconselhou-o a realizar o Mahabhishek Vishwajeet Yagya [1] para retirar de novo todo o poder e reino a Indra, sob sua supervisão. Como recompensa pela sua devoção e sacrifício, recebeu várias bençãos do seu mestre:

  • Uma carruagem dourada que era puxada por quatro cavalos e que corria à velocidade do vento.

  • Uma aljava (arma) com várias flechas, um poste de bandeira com uma cabeça de leão e uma armadura celestial.

  • Uma guirlanda de flores sempre desabrochando e uma concha com som estrondoso


O rei Bali, ao contrário de outros asuras, era nobre, justo com seus súbditos e costumava cuidar bem deles, por isso era adorado e venerado pela população, pois esta atitude fazia com que os seus súbditos desviassem a sua atenção e devoção aos deuses.


Os deuses, inconformados com a popularidade do demónio, enfraquecidos e derrotados pelos asuras, procuraram uma solução para devolver a ordem à terra. Aditi, a mãe dos deuses e de Indra, o deus dos deuses, toma acção e resolve fazer uma penitência de 10.000 anos para agradar ao deus Vishnu, pedindo-lhe para recuperar o reino dos deuses a Bali e devolve-lo a Indra. Vishnu aceitou o seu pedido e, passado pouco tempo, Aditi engravidou, mas a gravidez revelou a chegada de um ser especial, pois a terra tremia violentamente em cada passo dado por Aditi por causa do peso insuportável do feto. Onde quer que ela fosse, aquela parte específica da terra abatia devido ao peso, corroendo significativamente o esplendor dos demônios.


Depois de algum tempo, Aditi deu à luz um menino que chamou de Vamana porque ele era um 'anão'. Vamana nasce no seio de uma família Bramane, pois o seu pai, Kashyap, era uma sacerdote desta casta [2]. Quando, anos mais tarde, Vamana cresceu, conseguiu uma audiência com Bali. Este, como era uma demónio virtuoso e seguidor de todos os princípios religiosos, jamais poderia deixar de atender a um pedido de um bramane, por mais insignificante que ele fosse. Na audiência com o rei dos asuras, Vamana solicitou-lhe um pedaço de terra para viver, que fosse do tamanho de três passos seus. Bali era dono de todo o sistema galáctico e desejou satisfazer esse humilde desejo do pequeno Vamana; afinal, qual a relevância da extensão de terra que caberia em três passinhos de um anão?


Foi então que Vishnu se revelou transformando-se num gigante anão tão grande que conseguiria abranger toda a existência e além. Com o primeiro passo envolveu toda a Galáxia, com o segundo todo o Universo e, para o terceiro passo, indagou onde iria colocar o pé. Inteligentemente Bali respondeu: “Sobre a minha cabeça, Senhor”. Seguindo os princípios morais de conduta estabelecidos, o conquistador que concordar em colocar a sola de seu pé sobre a cabeça de um conquistado, deverá exercer soberania sobre o derrotado, podendo dispor de seus bens e até sobre a sua vida, devendo-lhe protecção. Com o peso do pé do gigante Vamana, Bali foi enviado para Pataal Loka para sempre (o submundo), passando a ser esse o seu reino.


Assim, Vamana avatar recuperou os três mundos (conhecidos como Triloka) do rei asura em três passos e devolveu-os a Indra. Bali e todos os outros asuras são banidos para o submundo.


Mahabali, o rei dos asuras, é, ainda hoje, lembrado e venerado num festival anual hindu, pelos seus feitos e sacrifícios em benefício dos homens, durante o tempo que governou os trÊs mundos.



[1] Mahabhishek Vishwajeet Yajna é um ritual védico de sacríficio e oferenda aos deuses, mencionado nos Vedas, realizado por bramanes (sacerdotes védicos) após a vitória de um monarca numa guerra ou batalha.

[2] Bramane é o nome que se atribui a um membro da classe de sacerdotes de Brama, que constitui a primeira e mais elevada das quatro castas indianas.

22 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page