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SHATKARMA


As seis purificações, ou Ṣaṭkarma Kriyās, são métodos de limpeza dos canais através dos quais nutrimos o nosso corpo físico e sensorial. Estes canais estão directamente relacionados com os do corpo subtil, os nadis, que são canais de circulação da consciência. Os textos clássicos de yoga descrevem 10 nadis principais, cujas extremidades coincidem com as 10 aberturas do corpo humano (olhos, ouvidos, narinas, boca, topo da cabeça, uretra e anus) (Stiles, 2009)[1].


No Hatha Yoga Pradipika[2] e Gheranda Samhita[3] há referência a estas práticas como purificadoras dos laços do Karma, pois aumentam a vitalidade e a determinação, fundamentais para as práticas de pranayama e meditação mais intensas. Por isso, fazem parte do Hatha Yoga tradicional. Acredita-se que essas práticas limpam e preparam o corpo para a prática de Hatha Yoga. É como limpar a casa antes de a redecorar. Certamente não o faríamos numa casa suja! A limpeza vem em primeiro lugar e daí a importância dos Kriyās.


Tratam-se de práticas de profunda transformação do estilo de vida, mas que devem ser ajustadas às necessidades e capacidades dos praticantes. É fundamental a presença e orientação de um professor ou yogi mais experiente, para garantir a segurança do praticante iniciado, pois são práticas de evolução progressiva.


Numa fase inicial, os Kriyās purificam o corpo físico de toxinas e desperdícios orgânicos. Com o tempo, começam a trabalhar a um nível mais profundo, podendo abrir a 2ª camada do corpo subtil, manomaya kosha (Stilies, 2009)[4].


São potentes instrumentos de purificação dos sistemas internos, em especial do sistema nervoso, digestivo e respiratório, que devem estar associados a bons hábitos alimentares (consumo de fruta e vegetais frescos) e manter presente um estado consciente de equilíbrio, de forma a potenciar os efeitos de Shat Kriyās.


Os seis exercícios de purificação são:

  • Dhauti – Limpeza interna do aparelho digestivo

  • Basti – lavagem intestinal

  • Neti – Limpeza dos canais nasais

  • Trataka – Fixação do olhar

  • Kapalabhati – Limpeza do crânio

  • Nauli – Massagem abdominal


Regras gerais a ter em conta para a aplicação dos Kriyās:

  1. Praticar em jejum, e ao amanhecer

  2. Depois da higiene matinal

  3. Com o melhor estado de saúde possível



Dhauti

Este é o primeiro e mais difícil kriyā. Envolve engolir e regurgitar um fino pedaço de pano de musselina ou beber água salina morna e vomitar. É prescrito apenas em caso de doenças graves do estômago. Este destina-se a limpar a boca, garganta e estômago.


Basti

Esta é a versão antiga de enema ou irrigação do cólon, como agora é chamado eufemisticamente. Envolve atrair água para o intestino inferior através do ânus e depois expulsá-la. Isso visa limpar a parte inferior do cólon até o esfíncter.


Neti

Esta prática envolve a limpeza das passagens nasais, bem como a garganta. Pode ser feito com água (jala-neti), onde a água é despejada em uma narina e automaticamente sai pela outra. Uma variação é o Sutra-neti, onde um fio fino é colocado dentro de uma narina e depois puxado para fora da boca pela garganta. Outros netis são feitos com leite (dugdha-neti) ou ghee (ghritha-neti). Neti é um pré-requisito para a limpeza das vias respiratórias para a prática adequada do pranayama.


Trataka


Este kriyā é para limpar e fortalecer os olhos. Os olhos estão focados geralmente em um pequeno objeto ou na chama da lâmpada em um quarto escuro, sem piscar, até que lacrimejem. Variações avançadas envolvem olhar para um retrato de deus ou até mesmo imaginá-lo em sua mente.


Nauli

É um poderoso exercício regenerativo, revitalizador e estimulante das vísceras abdominais e do sistema gastro-intestinal. Para realizar Nauli deve-se dominar Uddiyana Bandha. Para melhor execução deste kriya, é conveniente dominar a execução de Agnisara Dhauti. A zona abdominal é a região do fogo (agni) e este Kriya faz a limpeza do fogo digestivo, melhorando a digestão e purificando os intestinos através do aumento do movimento do ar zona abdominal, mantendo a temperatura corporal e distribuindo parte desse calor/fogo no sentido ascendente, para o coração e cabeça.





Kapalabhati

Este é um limpador para o sistema respiratório, especialmente os pulmões. O Hatha Yoga Pradipika menciona que esta respiração se destina a limpar o sistema respiratório. Na verdade, esta obra não se refere a isso como uma respiração, mas sim como uma limpeza.

Kapālabhāti é uma palavra em sânscrito derivada da raiz kapal, que significa “crânio”, e bhati, que é melhor traduzida como “iluminador” ou “brilhante”.

Envolve inspiração e expiração forçada repetidamente, com o objectivo de limpar todas as vias nasais, partes do crânio e sistema respiratório por meio de exalações de ar curtas, mas fortes. Os pulmões funcionam como o fole de um ferreiro. O corpo é mantido em posições diferentes para efeitos diferentes. Esta prática prepara o yogi para a execução de Kapālabhāti Pranayama, a respiração brilhante do crânio, ou qualquer outro pranayama (técnicas de respiração).

Existem três tipos diferentes de Kapālabhāti. No caso de vatakrama kapalbhati, a expiração é forçada enquanto a inspiração é natural e passiva. Vyutkrama kapalbhati vê a água cheirada pelo nariz e depois cuspida pela boca. Finalmente, sheetkrama kapalbhati é quando a água é tomada pela boca e depois forçada a sair pelo nariz.


[1] Ayurvedic Yoga Therapy, pág. 66 [2] Hatha Yoga Pradipika II, 22-36 [3] Gheranda Samhita I, 12-60 [4] Ayurvedic Yoga Therapy, pág. 67



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