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Ramāvatāra, a sétima encarnação de Vishnu

Atualizado: 28 de jun. de 2023


Rama, o avatar perfeito do Protetor Supremo, Vishnu, é uma das deidades favoritas e mais venerada na cultura hindu. Ele é o símbolo mais popular de cavalheirismo e virtude, sendo considerado, nas palavras de Swami Vivekananda, "a personificação da verdade, da moralidade, o filho ideal, o marido ideal e, acima de tudo, o rei ideal".


Tal como as anteriores encarnações de Vishnu, Rama nasceu na terra para aniquilar as forças do mal que dominavam na época, no último período do Treta Yuga, mais precisamente 5.000 anos a.C.


Ele é amplamente considerado uma figura histórica real - um "herói tribal da Índia antiga" - cujas façanhas formam o grande épico romântico hindu, o Ramayana, que significa “a viagem de Rama”, uma vez que narra a história deste avatar bem como os ensinamentos do hinduísmo. O romance de Rama foi escrito pelo antigo poeta sânscrito Valmiki e os seus versos são escritos de acordo com uma métrica própria, em trinta e duas sílabas, e, ao longo dos 24 mil versos que o compõem, são relatados todos os desafios e contratempos enfrentados por Sri Rama.


É através da narrativa deste épico que Rama é apresentado como um príncipe, casado com Sita, que é sequestrada pelo demónio Ravana, rei de Lanka. Rama viveu a sua trajetória como um filho respeitoso, um marido dedicado, um irmão amoroso e um governante consciente. Ele representa o caminho correcto, considerado um exemplo de comportamento para todas as pessoas e divindades. Esse caminho é chamado de “dharma” e Rama é considerado a personificação daquilo que os hindus creem, procuram e constroem a partir da fé:

  • Personificação do sacrifício

  • Símbolo de fraternidade

  • Administrador ideal

  • Guerreiro inigualável



Por ser um avatar de Vishnu, e não considerado um deus ou semideus, sempre foi representado como um ser humano "normal". A imagem de Rama, portanto, possui diversos traços de sua personalidade, nomeadamente:

  • Tilak (marca na testa): conserva a sua energia intelectual concentrada e orientada pelo ajna chakra, o terceiro olho.

  • Arco: simboliza o controle sobre a energia mental e espiritual, representando o homem ideal.

  • Flechas: simbolizam sua coragem e controle da energia sinética diante dos desafios do mundo.

  • Roupas amarelas: demonstram sua divindade.

  • Pele azul: simboliza a luz e a energia do deus diante das negatividades dos humanos. Por exemplo: ódio, ganância, desrespeito, discórdia, entre outros. Ou seja, ele é a luz no meio a escuridão.

  • Mão apontando para terra: representação do autocontrole durante sua passagem pela terra.


O princípio deste avatar é o equilíbrio perfeito entre as qualidades divinas e humanas, ou seja, ele é a combinação do divino no humano e vice-versa. Em resumo, Rama é a representação do código de ética humano/divino. Esse código está relacionado ao indivíduo, à família e à sociedade, onde todos eles se influenciam de forma mútua. Por exemplo, se um indivíduo flui de forma positiva, logo, a sua família e a sociedade em que vive também caminhará bem.


Início da vida de Rama

Dasharatha era o rei de Kosala, um antigo reino localizado no actual distrito de Uttar Pradesh. Ayodhya era sua capital. Dasharatha era amado por todos. Seus súditos eram felizes e seu reino era próspero. Embora tivesse tudo o que desejava, ele não era completamente feliz, pois não tinha filhos.

Na mesma época, vivia um poderoso rei-demónio, de seu nome Ravana, que governava o território Ceilão, localizado na ilha de Lanka, a sul da Índia. A sua tirania não conhecia limites e os seus súbditos perturbavam as orações dos homens santos.


Entretanto, Dasharatha foi aconselhado pelo sacerdote real, Vashishtha, a realizar uma cerimónia de sacrifício de fogo para pedir bênçãos divinas para o nascimento de seus filhos herdeiros. Vishnu, o preservador do universo, decidiu manifestar-se como o filho mais velho de Dasharatha para matar Ravana. E assim, Kausalya, a rainha mais velha, deu à luz o filho mais velho, Rama. Bharata, o segundo filho, nasceu de Kaikeyi, a segunda esposa do rei, e Sumitra, a terceira esposa do rei, deu à luz os gémeos Lakshmana e Shatrughna. Os quatro príncipes cresceram e tornaram-se altos, fortes, bonitos e corajosos. Dos quatro irmãos, Rama era o mais próximo de Lakshmana.


Um dia, o reverenciado sábio Viswamitra veio a Ayodhya. Dasharatha ficou muito feliz e imediatamente desceu de seu trono recebendo-o com grande honra. Mas, Viswamitra tinha um pedido para o rei: que enviasse Rama para matar os Rakshasas que constantemente interferiam nos seus sacrifícios de fogo. Rama tinha então apenas quinze anos e, embora Dasharatha o considerasse muito jovem para o trabalho, o sábio Viswamitra sabia que o jovem príncipe estava à altura da tarefa e garantiu ao rei que Rama estaria seguro em suas mãos. Dasharatha concordou em enviar Rama, junto com Lakshmana, e ambos partiram com o sábio.


Quando alcançaram a floresta Dandaka, onde Rakshasi Tadaka vivia, Viswamitra pediu a Rama para desafiá-la. Uma batalha feroz se seguiu entre os dois, terminando com a vitória do príncipe que, com uma flecha mortal, perfura o coração de Rakshasi Tadaka. Viswamitra ficou satisfeito com a performance de Rama e, como recompensa, ensinou-lhe vários Mantras (cantos divinos), com os quais Rama poderia invocar muitas armas divinas (por meditação) para lutar contra o mal.


Na manhã seguinte, Viswamitra, Rama e Lakshmana dirigiram-se para a cidade de Mithila, a capital do reino de Janaka. O rei Janaka convidou Viswamitra para participar da grande cerimónia de sacrifício de fogo que ele havia organizado. Mas o sábio tinha algo em mente: casar Rama com a adorável filha de Janaka, a bela Sita. Contudo, o rei queria que sua filha se casasse com o príncipe mais corajoso e forte do país, por isso jurou que daria Sita em casamento àquele que conseguisse usar o grande arco de Shiva. Muitos já haviam tentado antes mas ninguém tinha conseguido sequer mover o arco, muito menos encordoá-lo.


Viswamitra apresentou Rama e Lakshmana a Janaka e pediu-lhe que mostrasse o arco de Shiva a Rama. Janaka olhou para o jovem príncipe e concordou duvidosamente. Depois, ordenou aos seus homens que trouxessem o arco e o colocassem no meio de um grande salão cheio de muitos dignitários. Rama levantou-se com toda a humildade, pegou o arco com facilidade e preparou-se para o encordoamento: colocou uma ponta do arco contra o dedo do pé e mostrou sua força dobrando o arco para encordoá-lo, quando, para surpresa de todos, o arco se partiu em dois! Sita ficou aliviada. Ela gostara de Rama logo à primeira vista.


Quando o pai de Rama, o rei Dasharatha, soube do acontecimento, alegremente deu seu consentimento para o casamento, e o rei Janaka organizou uma grande festa para o enlace de Rama e Sita e todos regressaram para Ayodhya.



A história de Rama e Sita

Durante os doze anos seguintes, Rama e Sita viveram felizes em Ayodhya. Rama era amado por todos e era uma alegria para seu pai, ele destacava-se entre os demais por sua beleza e bravura. Ele era o príncipe herdeiro de Ayodhya – reino de Kosala.


Mas Dasharatha estava a envelhecer, por isso anunciou a decisão de coroar Rama. No entanto, Kaikeyi, a segunda esposa do rei e mãe de Bharata, foi persuadida pela sua empregada preversa, Manthara, que queria Bharata no trono, elaborando um plano hediondo para impedir a coroação de Rama. Kakeyi era uma rainha de coração nobre, mas estava agora iludida por Manthara, e concordou em exigir ao rei que coroasse o seu filho e enviasse Rama para o exílio na floresta, com sua esposa Sita e outro irmão, Lakshmana, por 14 anos, período durante o qual o velho rei morreu de tristeza pela perda de Rama. O filho mais novo, que não queria governar, pediu a Rama para retornar a Ayodhya e governar o reino. Mas Rama respondeu com firmeza: "Não posso desobedecer a meu pai. Tu governarás o reino e eu cumprirei minha promessa. Voltarei para casa somente depois de catorze anos."


Quando Bharata percebeu a firmeza de Rama em cumprir suas promessas, ele implorou a Rama que lhe desse suas sandálias, elas representariam Rama e ele cumpriria os deveres do reino apenas como representante de Rama, colocando as suas sandálias no trono e servindo apenas como uma espécie de regente.


Rama, Sita e Lakshmana seguiram o seu caminho para o sul da Índia, durante o qual visitaram o sábio Agastha que pediu a Rama que se mudasse para Panchavati na margem do rio Godavari. era um lugar bonito. Rama planejou ficar em Panchavati por algum tempo e os três acomodaram-se numa cabana.


Entretanto, Surpanakha, a irmã de Ravana, o rei demónio que governava Lanka, morava em Panchavati. Um dia, Surpanakha viu Rama e instantaneamente apaixonou-se por ele e pediu a Rama para ser seu marido. Rama, divertido com o pedido, disse sorrindo: "Como vês, eu já sou casado. Mas podes solicitar Lakshmana. Ele é jovem, bonito e está sozinho, sem esposa."


Surpanakha levou a palavra de Rama a sério e aproximou de Lakshmana que lhe disse: "Eu sou o servo de Rama. Deves casar com meu mestre e não comigo, o servo."


Surpanakha ficou furiosa com a dupla rejeição e atacou Sita para devorá-la. Lakshmana rapidamente interveio e cortou o nariz dela com sua adaga. Surpanakha fugiu com o nariz sangrando, chorando de dor, e buscar ajuda e protecção do seu irmão, Ravana.

Este ficou indignado ao ver sua irmã mutilada e muito interessado quando soube que Sita era a mulher mais bonita do mundo. Foi então que Ravana engendrou um plano para raptar Sita, vingando-se de Rama, que muito amava Sita e não poderia viver sem ela.


O plano de Ravana incluia Maricha, o demónio filho de Rakshasi Tadaka, anteriormente derrotada por Rama. Maricha tinha o poder de se transformar em qualquer coisa que quisesse. Então assumiu a forma de um belo veado dourado e começou a pastar perto da cabana. Sita, atraída pelo belo veado, pediu a Rama que o apanhasse. Lakshmana, desconfiado, alertou que o veado poderia ser um demónio disfarçado, mas Rama já tinha iniciado a perseguição ao animal e, durante a sua ausência instruiu Lakshmana a cuidar de Sita. Mas este, preocupado com a segurança de Rama, foi em seu auxílio, deixando Sita sozinha.


Antes de partir, ele desenhou um círculo mágico, com a ponta de sua flecha, ao redor da cabana e pediu a Sita que não passasse do limite.


Do seu esconderijo, Ravana observava tudo o que estava a acontecer e assim que encontrou Sita sozinha, disfarçou-se de eremita e aproximou-se da cabana. Ele ficou além da linha de protecção de Lakshmana pedindo esmolas. Sita saiu com uma tigela cheia de arroz para oferecer ao homem santo, enquanto permanecia dentro da linha de protecção traçada por Lakshmana. O eremita pediu que ela se aproximasse para poder segurar a tigela e então Sita passou os limites da linha de protecção. Foi então que Ravana rapidamente se lançou sobre Sita e a agarrou, declarando: "Eu sou Ravana, o rei de Lanka. Agora vens comigo e serás minha rainha", levando-a na sua carruagem, deixou o solo e voou sobre as nuvens a caminho de Lanka.


Quando Rama e Lakshmana chegram à cabana encontraram-na vazia. Procuraram e chamaram por Sita, mas tudo em vão. Lakshmana tentou consolar Rama da melhor maneira que pôde. Foi quando ouviram um grito, correram na sua direcção e encontraram uma águia ferida caída no chão. Era Jatayu, o rei das águias e amigo de Dasharatha que lhes contou o sucedido.


Rama e Lakshmana seguiram, então, por um caminho de joias que Sita foi deixando atrás de si. Durante a busca, os dois pediram a ajuda de Hanuman, rei do exército de macacos. Este voou sobre Lanka para encontrá-la e depois reuniu todos os animais para construir uma ponte que os levaria à ilha de Lanka, onde aconteceria a grande batalha. Ela durou 10 longos dias. Por fim, Rama venceu ao atirar uma flecha directa ao coração de Ravana.



Depois da batalha, voltaram a Ayodhya. Os 14 anos de exílio haviam passado e, como uma celebração de boas vindas, a população limpou todo o reino e o decorou com guirlandas de flores e rangolis iluminados foram espalhados pelo chão. Uma lamparina foi acesa em cada janela, guiando-os até o palácio. Este evento ainda acontece todos os anos durante o outono e é chamado de Festival das Luzes ou Diwali. O festival é feito para deixar marcado, em todas as gerações, que a bondade e a luz da verdade sempre irão vencer o mal e as trevas.


Rama e Sita tornaram-se a personificação do amor eterno, para o hinduísmo, amor construído dia após dia, com cuidado, respeito e incondicionalmente.



Ram Navami: Aniversário de Rama

Outro festival muito celebrado na Índia é o Ramnavami, particularmente para a seita Vaishnava dos hindus. Neste dia auspicioso, os devotos repetem o nome de Rama a cada respiração e juram levar uma vida recta. As pessoas rezam para alcançar a bem-aventurança final da vida por meio de intensa devoção a Rama e invocam-no para suas bênçãos e protecção.


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