O som pode ser definido como a vibração da energia que se move num padrão ondulatório. Quanto mais rápida a vibração, mais agudo é o tom. Quanto maior for o volume de decibéis, mais alto é o som. O volume do som não é o que determina a taxa de vibração, mas é o tom que determina a velocidade em que a energia vibra. Até mesmo os surdos sentem a vibração da energia que o som aporta.
A vibração afecta directamente a estrutura molecular das células, fazendo com que o som tenha a capacidade de curar o corpo, desbloquear chakras, mover a energia e alterar a matéria física. Numerosas tribos de nativos americanos usam cantos cerimoniais, tambores e música, para criar vibrações medicinais oferecidas para mudar os padrões distorcidos mantidos dentro da Terra. No seu livro Healing Sounds, Jonathan Goldman discute como a entoação [toning] (uma técnica que utiliza um som esculpido), pode mudar a energia parada da nossa aura, permitindo que nossa própria energia natural flua mais livremente. Tom Kenyons, da Acoustic Brain Research, demonstra como o som afeta os padrões de ondas cerebrais e o sistema imunológico.
A saúde poderia ser conservada indefinidamente se os homens fossem educados no sentido de possuir o absoluto controle de seus pensamentos, sentimentos, emoções e sensações, pois todos eles têm vibrações específicas. O controle sobre as palavras ou a prática do silêncio é uma prática ancestral comum nos templos meditativos de escolas religiosas e filosóficas, principalmente no oriente.
Os mantras (cânticos sagrados com uma intenção predeterminada) são utilizados desde as antigas civilizações do vale do Hindu (Védica) como técnicas para materializar estados subjectivos e programar realidades pensadas e desejadas, de tal forma que a ciência não compreende, mas que a física quântica começa agora a validar.
Numa experiência realizada, monges tibetanos foram gravados a cantar o mantra OM, gravação que depois foi tocada através de um prato ressonante, com areia por cima. Em poucos segundos a areia começou a vibrar e a formar um padrão chamado de Sri Yantra, que é considerado, na crença hindu, como o padrão da criação do Universo, o som do qual emana a essência do próprio universo.
Quer se consultem os Vedas ou a Bíblia, é sempre o som que é considerado o coração de toda existência: “No início era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, Evangelho segundo João 1:1
O que é OM (ou AUM)?
Om é a vibração primordial, o som do qual emana o Universo, a substância essencial que constitui todos os outros mantras, sendo o mais poderoso de todos eles. Ele é o gérmen, a raiz de todos os sons da natureza. É o mantra mais importante do hinduísmo e outras religiões e uma das mais antigas e eficazes técnicas que existem na prática de Yoga. Entoar o mantra OM estimula o ájña chakra, na região do intercílio, sede de manas, o pensamento, e buddhi, a intuição ou consciência superior. Diz-se que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman. O Om é o som do universo e a semente que "fecunda" os outros mantras.
Numa das antigas escrituras hindus, o Mandukya Upanishad, está uma descrição detalhada do Om, com a sua interpretação simbólica: “Om, aquele imutável (akshara), é tudo o que existe. O que foi, o que é e o que será, tudo é realmente a sílaba Om; e tudo o que não está submetido ao tempo triplo é também, realmente, a sílaba Om.”
Num outro texto sagrado, Yoga Samhitá, é dito que “Escutar o mantra Om é como escutar o próprio Brahman, o Ser. Pronunciar o mantra Om é como transportar-se à residência do Brahman. A visão do mantra Om é como a visão da própria forma. A contemplação do mantra Om é como atingir a forma de Brahman"
Patanjali, nos Yoga Sutras, dedica três aforismos ao Om:
I.27: “Ele é representado pela sílaba aum, chamado pranava”. Nesse aforismo, o grande sábio considera aum como o símbolo da divindade. É considerado um mantra sagrado e sua repetição constante leva ao autoconhecimento. A sílaba sagrada também pode ser chamada de pranava, que em sânscrito significa glória e realização do divino.
I.28: “O mantra aum deve ser repetido constantemente, com sentimento e com plena compreensão do significado”. Aqui, Patanjali diz que sua repetição constante com o conhecimento de seu significado permite que o praticante alcance os mais altos níveis de yoga.
I.29: “A meditação em Deus com a repetição do aum elimina obstáculos ao controle do Eu interior”. Graças à prática deste mantra sagrado, é possível superar obstáculos e descobrir a si mesmo.
Como fazer a vocalização correcta do OM?
O som primordial aparece muitas vezes escrito como “Aum”, pois a sua pronúncia começa com a boca aberta, emitindo um som mais parecido com um “a”, mantendo a língua colada no fundo da boca e a garganta relaxada. O som nasce no centro do crânio, projecta-se para frente e vibra na garganta e no peito. Após alguns segundos de vocalização, a língua vai recolhendo, à medida que o som “a” se vai transformando numa espécie de “o” aberto, que, por sua vez, se vai fechando progressivamente. No final, sem fechar a boca, a língua bloqueia a passagem de ar pela garganta e o som transforma-se num “m”, que, na verdade, é um som nasalado, fazendo com que o ar, ao sair pelas narinas, faça o som vibrar com mais intensidade no crânio. Esta nasalização chama-se anunāsika em sânscrito, e deriva da palavra nāsika, que significa nariz.
As três letras do som primordial “AUM” correspondem, segundo a Maitrí Upanishad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho. "Este Átman é o mantra eterno Om, os seus três sons, “a”, “u” e “m”, são os três primeiros estados de consciência, e estes três estados são os três sons". Acrescenta-se a estas 3 sílabas uma quarta: a sílaba silênciosa.
A primeira sílaba "A" representa a vigília;
A segunda "U" representa o sono;
A terceira "M" representa sono profundo;
A quarta sílaba, a silenciosa, ou seja, o silêncio que existe entre uma recitação do mantra e a outra, representa um estado que transcende as outras três, que em sânscrito é chamado turiya.
Se considerarmos OM como representação da energia universal, cada sílaba representa um dos 3 gunas (as energias materiais que influenciam a vida de todos os seres vivos).
"A" representa tamas = ignorância, inércia, escuridão;
"U" representa rajas = dinamismo, atividade, paixão;
"M" representa satva = luz, verdade, pureza;
O som silencioso, por outro lado, representa a consciência pura, um estado que transcende os três gunas.
Se pensarmos nos deuses hindus:
"A" representa Brahma, o criador;
"U" representa Vishnu, o conservador;
"M" representa Shiva, o destruidor;
O som silencioso, por outro lado, representa a realidade além das divindades.
Se os estados da vida forem considerados:
"A" representa o presente;
"U" representa o passado;
"M" representa o futuro;
O som silencioso, por outro lado, representa a realidade que vai além do tempo e do espaço.
O mantra faz-se numa exalação profunda de ar, após a qual vem uma inspiração nasal fogo prolongada. Não deve haver tremor na voz ao repetir o mantra. A nota musical em que se emite o som não interessa em absoluto. É aquela que resultar mais natural para praticante.
Os benefícios de Pranava Yoga
Quando entoamos Om é criado um som que vibra numa frequência de cerca de 432 Hz, a mesma frequência que encontramos na natureza (lembre-se disto a próxima vez que entoar o mantra Om, pense que se está a conectar física e simbolicamente a todos os seres vivos do universo.
Do ponto de vista fisiológico, contudo, a pronúncia e as vibrações rítmicas têm um profundo efeito calmante no sistema nervoso. Meditando na vibração do som da palavra sagrada, a mente relaxa, o stress desaparece e toda a saúde em geral é beneficiada.
Efeitos mentais do OM:
Quase imediata prevalência de ondas do tipo “Alfa” no cérebro, as quais induzem calma, paz e relaxamento de tensões em geral.
Activa a secreção de substâncias como a “serotonina” e “endorfinas”, que incrementam ou estabelecem a sensação de satisfação existencial de forma continuada.
Estimula e exercita a atividade equilibrada dos dois hemisférios cerebrais.
Notável aumento da capacidade de concentração e memória.
Induz à estabilidade emocional.
Efeitos sobre o aparelho respiratório com o mantra OM
Respiração lenta: A emissão de “OM” torna mais lenta a exalação, o que revitaliza o coração.
Respiração regulada: Quando o som é uniforme a respiração torna-se contínua, sem sacudidelas.
Respiração completa: Expulsa todo o ar residual dos pulmões, consequentemente, a inalação torna-se mais profunda.
Controle e relaxamento: Para que o som seja uniforme, é imprescindível o relaxamento dos músculos respiratórios durante a exalação.
Efeitos vibratórios do OM no corpo físico
O “O” faz vibrar a estrutura óssea da caixa torácica e esta vibração é transmitida para a massa de ar encerrada nos pulmões, para a delicada membrana dos alvéolos, que ao vibrar estimula as células pulmonares permitindo um melhor intercâmbio gasoso. Esta vibração exerce também, um notável efeito sobre as glândulas endócrinas (hipófise, pineal, tireóide, supra-renais, gônadas). As vibrações do mantra “OM”, chegam aos tecidos mais ocultos e às células nervosas, intensificando a circulação nestes locais. Até mesmo o sistema nervoso simpático e o nervo vago recebem a benéfica influência destas vibrações.
A musculatura de todo o aparelho respiratório relaxa e fortifica-se, a respiração desenvolvida aumenta o aporte de oxigénio para todo o corpo. A vibro-massagem da vocalização de “OM”, atinge os órgãos da caixa torácica, do abdómen e nervos cranianos. Como consequência desta vibração, ondas eletromagnéticas são produzidas propagando-se por todo o corpo, aumentando o dinamismo e a vontade de viver e finalmente desenvolvendo a capacidade de concentração.
O poder do som e da palavra em nós é imenso. Somos constantemente influenciados pelo som ambiente que nos circunda e pelas palavras que ouvimos e pronunciamos. Cada palavra é composta de um som e uma forma. Quando falamos a palavra “coração”, produzimos um som e uma forma mental. Assim acontece com a repetição de mantras pronunciados com a correcta entoação, métrica e pronúncia, fazem-nos irradiar uma vibração específica e manifestar uma forma mental. O nosso próprio nome é um mantra!
A sílaba "Man" significa "mente", "Tra" significa "controlo, libertação ou expansão". Mantra é uma corrente sonora que afina e controla a vibração mental. É a palavra das palavras, a combinação de sílabas que ajudam a focar a mente. Quando cantamos ou entoamos um Mantra, entramos em sintonia com a vibração, o que nos conduz a um estado de harmonia e afinação internas, até mesmo quando só o ouvimos em estado meditativo ou entoamos mentalmente um som ou palavra.
O Vishuddha Chakra, o quinto Chakra, localizado na garganta, o Lótus das 17 pétalas, da fala, da expressão, da vontade e do poder criador através do SOM, é também a expressão do verbo divino criativo na espécie humana.
Se o universo é uma sinfonia, cada indivíduo é uma nota e a felicidade desse indivíduo consiste em tornar-se perfeitamente harmonioso com a sinfonia do universo. A sua pulsação, os batimentos do seu coração e a sua vibração são o ritmo e o tom, determinando a harmonia ou desarmonia, a saúde ou doença, a alegria ou desconforto. O poder curativo do som reside na capacidade de nos ajudar a nós mesmos a harmonizar a vida!
Om Shanti, shanti, shantih!
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