A matéria é o veículo da energia.
A energia, ou Prāna, é o sopra da vida, a energia vital que existe em todos os planos e que mantém unas mente e consciência.
É a energia que cria, protege e destrói!
Prānāyāma é o domínio da energia vital e é, também, a quarta etapa do método Ahstanga Yoga, compilado pelo sábio Patanjali por volta do século X, no compêndio de aforismos considerado um texto sagrado, o Yoga Sutra.
Sendo a respiração uma das muitas manifestações do Prāna, a sua regulação consegue-se por meio de uma prática diária de técnicas de controlo da respiração (prānāyāma) que implicam a cessação do movimento respiratório (Kumbhaka). Estas práticas preparam para as etapas mais subtis da concentração e da meditação, porque o prāna limpa e purifica os canais bio-energéticos, o sangue passa a receber uma maior quantidade de oxigénio, o sistema nervoso apazigua e o espírito torna-se calmo e lúcido.
Outra forma dos yoguis controlarem a energia vital é através da prática de Bandhas, os selos energéticos. Do sânscrito “fixação”, ou “fecho”, bandha é o nome que se dá ao conjunto de técnicas usadas no Hatha Yoga, o yoga do trabalho com o corpo físico. Tratam-se de contracções de áreas específicas do nosso corpo que estão directamente relacionadas aos centros de energia vital, canalizadores de fluxo energético, os Chakras. São elas que, se accionadas correctamente, colocam a prática do hatha yoga em pleno funcionamento. É uma activação muscular que coloca todo o corpo em harmonia.
O objetivo de um bandha é “bloquear” o fluxo de energia numa parte específica do corpo temporariamente. Quando o 'bloqueio' é libertado, a energia flui mais vigorosamente pelo corpo, o que promove boa saúde e vitalidade.
A nível físico, um bandha é criado quando um esfíncter e músculos específicos em relação a ele são contraídos. Um esfíncter é um músculo em forma de anel dentro de um sistema corporal que relaxa ou contrai. Esta acção abre ou fecha uma passagem no corpo.
São quatro os bandhas principais:
· Jalandhara (contracção/activação da garganta),
· Uddiyana (contracção/activação do abdómen),
· Mula (contracção/activação do assento pélvico),
· Jihva (contracção/activação do céu da boca com a língua).
Além destes, no hatha yoga existem outros bandhas combinados e que são utilizados em determinadas meditações e posturas.
Fisicamente, se activados de forma correcta, os bandhas evitam dores e problemas posturais, pois mantêm o corpo aquecido. Já no campo energético são usados para direccionar a energia e concentrar o fluxo energético. A activação correcta dos bandhas também promove diversos benefícios à saúde do praticante como no sistema endócrino, funcionamento dos órgãos, sistema nervoso e obviamente na saúde da mente, que se torna mais focada e apta para a concentração.
A activação torna o corpo físico mais atento e mais inclinado a agir e raciocinar correctamente, tornando mais harmoniosa toda a vivência consigo mesmo e com o mundo externo.
Os bandhas considerados primordiais na prática do hatha yoga são:
– Mula bandha
Significa algo como “fecho da raiz” e é a contracção e elevação do assento pélvico. Para activar mula bandha, deve-se contrair a musculatura do períneo, que se situa no centro do assento pélvico, entre o esfíncter anal e a uretra, e depois accionar, de forma sutil, a elevação desse músculo.
Deve-se começar activando a contracção durante curto período de tempo e, aos poucos, ir aumentando o tempo de permanência em contracção, mantendo-a activa durante a retenção respiratória com os pulmões vazios de ar (bhaya kumbaka).
– Uddiyana bandha
Significa “fecho do fluxo ascendente” e é a contracção abdominal que direcciona o fluxo energético para cima. É activado contraindo-se a musculatura abdominal, principalmente a região do umbigo, como se quiséssemos reposicionar esta área para dentro e para cima.
Tal como em Mula Bandha, deve-se começar por curtos períodos, aumentando o tempo de contracção até que se sinta seguro.
Nota: este bandha deve ser praticado com o estômago vazio.
Estas técnicas podem ser desconfortáveis no início e é preciso alguma prática para se sentir à vontade a executá-las.
Para tal, é fundamental explorar gradualmente as acções de controlo, quer da respiração e retenção do ar, quer da contracção da musculatura específica. Uma técnica que antecede a prática de bandhas é designada Ashwini Mudra. Esta técnica também acciona a contracção muscular, desta feita do esfíncter anal, com o objectivo de segurar e controlar o fluxo da energia, no entanto, não é designada Bandha, mas sim Mudra, que significa gesto ou sinal.
Benefícios dos Bandhas
Benefícios físicos
Quando os bandhas são aplicados, eles activam o tecido muscular, estimulam os órgãos e as glândulas da respectiva região. Por exemplo, a aplicação de Mula Bandha activa os músculos do assento pélvico, tonifica-os e melhora o seu funcionamento.
Um estudo científico realizado em 2017 com 50 mulheres que sofrem de prolapso de órgão pélvico leve sintomático mostrou que a prática regular de Mula Bandha durante um período de três meses ajudou a reduzir a gravidade dos sintomas e melhorar a qualidade de vida em pacientes com grau leve de prolapso .
Benefícios energéticos
Os bandhas também estimulam os chakras, bloqueando a energia ao redor deles. Quando os chakras são estimulados pelo uso de bandhas, o prana circula de forma mais eficiente por todo o corpo, resultando em maior vitalidade física e mental.
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