O chakra do coração, também conhecido por Anahata, faz a ligação entre os três chakras inferiores (corpo físico - terra) e os três superiores (corpo subtil - éter), ou seja, faz a ligação entre o mundo físico e o mundo espiritual, entre a consciência inferior (ego) e a Consciência Superior (Eu/Self).
Localizado no centro do peito, ele rege os pulmões, o coração, os braços e as mãos. Está ligado às emoções superiores, afectos e sentimentos. A sua função é o amor, por si mesmo e pelos outros, a gentileza, o perdão e a gratidão. Uma pessoa que tenha este chakra equilibrado começa a dominar o seu ego, obtendo sabedoria e força interior para iniciar a sua evolução de forma autónoma, tornando a sua vivência terrena numa fonte de inspiração e criatividade.
É muito sensível a imagens, cores, luzes, cheiros, sabores, gestos, toques, sons, palavras e pensamentos. Está, por isso, ligado aos sentidos, à consciência e à linguagem. Todo e qualquer processo de cura deve começar pelo coração, pois ele é o elo que transforma as energias físicas dos chakras inferiores em energias espirituais, alimentando os chakras superiores.
Tem implicações directas na regulação do TIMO, glândula hormonal responsável pela produção de anticorpos e activação do sistema imunológico, juntamente com as glândulas adrenais e a espinha dorsal, através da hormona por si produzida, a Timosina, que mantém e promove a maturação de linfócitos, responsável pela produção de anticorpos que atacam bactérias, vírus e outros invasores externos. O Timo é um órgão que faz parte do sistema linfático, cuja única função conhecida é de produzir linfócitos (tipo de glóbulos brancos fundamentais na proteção contra bactérias e vírus invasores) os quais são distribuídos pela corrente sanguínea e linfática. A circulação linfática é responsável pela absorção de detritos e macromoléculas que as células produzem durante seu metabolismo, ou que não conseguem ser captadas pelo sistema sanguíneo. Esta circulação acontece apenas por meio da contracção dos músculos esquelécticos, uma vez que, ao contrário da circulação sanguínea que tem uma bomba a impulsionar a circulação do sangue nas artérias, os vasos e veias linfáticos dependem de contrações dos músculos, da pulsação das artérias próximas e do movimento das extremidades.
O stress e ansiedade aumentam a produção de corticoesteróides que suprimem o sistema de vigilância imunológica, diminuindo a eficácia do timo. Também as ideias negativas afectam esta glândula profundamente, mais do que os vírus ou bactérias.
Este chakra pode encontrar-se em desequilíbrio por excesso ou depleção. Se em excesso, cria sentimentos de apego/dependência, necessidade de controlar o outro, possessão, vontade egoísta, ciúme, pânico, que se podem manifestar em problemas cardíacos, como arritmias, palpitações e pressão arterial alta. Se está em depleção, manifesta-se através de sentimentos de mágoa, desilusão, depressão, baixa auto-estima, isolamento, falta de empatia, dificuldade em perdoar e estabelecer ligações sociais e emocionais. Pode vir a manifestar-se fisicamente em problemas respiratórios, como asma e bronquite.
A prática de yoga concentrada em Anahata chakra permite trabalhar a abertura da caixa torácica, o fortalecimento da cintura escapular e tonificação dos músculos do peito, ombros, braços e pescoço. Existem variadas posturas de yoga desenhadas especificamente para a activação de anahata, mas de todas elas a que tem efeitos mais profundos é Chakrāsana ou Urdhva Dhanurasana.
Esta postura de hiperextensão em retroflexão é um verdadeiro bálsamo para a alma: abre o peito, torna a coluna mais flexível, fortalecendo ombros, braços, musculatura de suporte lombar e de toda a coluna vertebral. É uma postura revitalizadora e rejuvenescedora que dá energia, coragem, combate a depressão e deixa a mente e o corpo mais alerta.
O receio de enfrentar uma situação diferente e desafiadora faz com que o nosso cérebro accione o seu mecanismo de defesa, por isso Chakrāsana vem desafiar os nossos medos e a nossa mente hesitante. Assim é na vida também: perante situações desconhecidas ou difíceis, a nossa alma vai-se fechando, refugiando-se no seu cantinho, longe de todos os perigos mas também de todos os desafios e, portanto, de todas as descobertas, aventuras e alegrias. Quebrar os velhos padrões torna-nos mais criativos e livres.
Chakrāsana não é uma postura fácil, pois exige força, flexibilidade, concentração e muita consciência corporal. Sendo uma postura activa, acelera os batimentos cardíacos e a respiração, o que torna a permanência muito mais desafiadora, no entanto, para que Chakrāsana produza efeitos mais profundos no organismo, o hatha yoga recomenda a permanência mínima de 12 respirações, sem esforço ou desconforto.
Como o nome indica, Chakrāsana trabalha energeticamente os 7 chakras principais, os nossos centros de energia consciente e de inteligência criativa, mas tem uma acção mais profunda no chakra do coração, devido à extensa abertura torácica que exige, bem como no plexo solar, devido ao profundo estiramento do abdómen. É uma postura que permite maior consciência do nosso corpo subtil e causal, e que permite ao corpo denso/físico manter a coluna flexível e saudável, pois desperta a energia ao longo das vértebras o que ajuda a mudar a consciência para um novo nível.
Muitos ensinamentos de yoga dizem que Chakrāsana promove a “limpeza” dos nervos, abrindo caminhos mais limpos para os impulsos nervosos e o prana (força vital) fluírem livremente. No entanto, deve ser executada com alguns cuidados e com o acompanhamento de um praticante experiente, pois existem algumas contraindicações, nomeadamente: tensão arterial alta, problemas vertebrais, coronários ou menstruais.
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