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Foto do escritorYoga PuroPrana

Fluir como a água

Atualizado: 18 de fev. de 2022


O elemento água é o princípio da coesão. No corpo, isso traduz-se em nutrição, crescimento e lubrificação. O elemento água sacia, limpa, purifica, arrefece, humedece, adere, acalma, conforta, suaviza, lubrifica, molda-se, espalha-se, conduz, transporta, transforma...


A Água é capaz de amolecer a rigidez da Terra, controlar e regular o poder do Fogo e também dar emoção e sentimento ao Ar.


A água não encontra resistência nem obstáculos, pois ela molda-se, contorna e adapta-se a todo o terreno que lhe faça frente.


A água pode permanecer tranquila e serena ou mostrar a sua força e poder, levando consigo todo o que encontra pela frente.


A água é o elemento da emoção e do sentimento, do amor, da purificação, e, tal como as emoções, ela pode ser arrebatadora num momento e calma noutro. Por isso, ela diz respeito ao mundo interior, ao que existe de mais precioso na camada interna do ser, tendo a capacidade de captar e se conectar com a alma humana para curá-la, até, de traumas e bloqueios.


A água representa a função maternal e feminina. Expressa o sensitivo, o emocional, o artístico. Não tem nada de racional. É pura criatividade.


A água está em constante movimento, adquire muitas formas, ultrapassa e penetra todos os obstáculos. O seu movimento é descendente, para envolver e penetrar a raiz de todas as coisas. A sua natureza é empática, para poder entender todos os seres.


A água dá conteúdo emocional à experiência da vida, conferindo-lhe sentido e expressão.


O rico universo interno da Água traz sensibilidade, feminilidade, fertilidade, fluidez, adaptabilidade, intuição, empatia e dá acesso à capacidade de imaginação e criatividade, no fluxo do pensamento, nas marés do sentimento, nas ondas da intuição, nas profundidades oceânicas dos sentimentos...




A medicina Ayurveda relaciona este elemento com o paladar e é percebida pela língua. Onde não a Água não há sabor. O que é seco e sem a presença de Água também não tem sabor.


No corpo, é o que mantém a nossa circulação e lubrificação, através do sangue, fluídos tissulares, linfa, leite materno, suor, urina, sémen, fluídos vaginais, fluídos espinhais e articulares, lágrimas, ácidos digestivos e hormonas.


Em desequilíbrio é instável e pode causar medos e angústias.


Além da digestão, as águas são essenciais em diversas funções no nosso organismo, como na preservação das articulações e no cérebro. Na primeira, elas mantém a humidade, promovendo desbloqueios; e no segundo caso, funcionam como protecção aos atritos cranianos, formando também uma malha que possibilita a passagem nervosa. Esta água cerebral tem um grande papel também junto das emoções, e é conhecida na Ayurveda como “a água do contentamento”. É ela a responsável pelas sensações de bem estar e boa disposição que somos capazes de experimentar.


Na Medicina Tradicional Chinesa, o elemento água tem qualidades introspectivas; é frequentemente referida como O Filósofo. Esse elemento promove modéstia e sensibilidade. A água está associada à sabedoria, resiliência e resistência. Muita actividade e empenho exagerado, bem como muito foco no mundo exterior, esgotam a água e levam ao desequilíbrio. Quando este elemento está desequilibrado, temos dificuldade com situações sociais, em confiar e mostrar confiança; mantemo-nos isolados e separados, ou perdemos o sentido de autoconsciência.



O simbolismo sagrado da água

Em muitas culturas antigas, a água era considerada o centro da vida, preservando uma energia divina. Desde o banho, pesca, viagens, bebida, até a adoração, o mistério e o poder.


Na Índia, o rio Ganges ainda é considerado sagrado. Divindades da água como Ganga, Sarasvati e Yami governam todos os rios que fluem neste país.

No Egipto, o rio Nilo traduz-se como "grande água", e é dito ter sido a salvação da civilização Egípcia desde a Idade da Pedra, num período conhecido como Egipto Pré-histórico, muito antes da construção das pirâmides que conhecemos.

A Grécia antiga também viu a água significativa o suficiente para adorar o seu Deus Poseidon, com os romanos reverenciando seu homólogo Neptuno.

O pensamento taoísta chinês considera a água uma representação de inteligência e sabedoria, maciez e flexibilidade, ao mesmo tempo que simboliza as transições de nascimento e morte, e uma energia mais feminina ou 'yin'.


A sabedoria oriental antiga também ensina que a água está ligada ao segundo chakra, Svadhisthana. O chakra sacral está localizado no baixo abdómen e representa fluidez, feminilidade, sensualidade, alegria, uma capacidade de "ir com o fluxo", liberdade, bem como o poder da criatividade.


Sempre que nos conectamos com o elemento água aumentamos a sua energia dentro de nós, bem como as suas qualidades no nosso corpo e mente. A água possui mistério e fascínio, e se pudermos começar a reconectar com ela de forma simples e consciente, aproximamo-nos, cada vez mais, do sentir humano ancestral e natural.



Como o yoga pode ajudar a equilibrar este elemento no corpo?

A prática do yoga e o estudo das características elementais da água ensinam o corpo a fluir.


Os elementos relacionam-se com os chakras, centros internos de energia associados a diversos humores e doenças, e que as práticas de yoga visam desbloquear ou manter o equilíbrio. Mas a conexão yoga-elemento vai mais fundo do que isso. A ideia de que podemos curar a mente, o corpo e o espírito dominando o equilíbrio de energias sutis internas - energias que carregam as qualidades dos elementos naturais - originalmente vem da filosofia hindu antiga e dos fundamentos do yoga e da Ayurveda.


Em termos de corpo físico, o elemento água está centrado na cintura pélvica, nas nossas águas interiores, órgãos sexuais, reprodutivos e de eliminação.


Abraçando o elemento da água, podemos fluir mais facilmente com os acontecimentos da vida: conectamo-nos fortemente aos nossos relacionamentos, aprendemos a movimentar-nos com graciosidade e menos resistência, tornamo-nos mais transparentes e autênticos.


Em momentos de stress, ansiedade, ou quando nos sentimos sobrecarregados, contraímos, inconscientemente, os músculos da cintura pélvica (tal como fazemos com os maxilares). Fazê-lo repetidamente cria uma tendência para que essa zona do corpo se torne "apertada" e "aprisione" as emoções, tornando mais difícil a conexão às nossas paixões e criatividade.


"Quando o elemento água é equilibrado, podemo-nos conectar facilmente aos outros, sentir conteúdo e calma, deixar as coisas seguirem o seu rumo, estar aberto à alegria e ao prazer e expressar criatividade. Um elemento de água desequilibrado pode levar-nos a sentir emocionalmente instáveis, tensos e presos", relata o Chopra Center.


Conectar-se ao elemento água no yoga permite fortalecer e relaxar as estruturas que suportam e sustentam a cintura pélvica, libertar tensão e tornar-se mais flexível e fluido.


Algumas sugestões para equilibrar o elemento água na prática de yoga são:

  • Concentre-se em aprofundar os alongamentos;

  • Libertar tensão e emoções não processadas;

  • Incluir fluxo e movimento (pense "ondas") nas sequências de posturas;

  • Incluir posturas que explorem e activem a zona pélvica

  • Aprender técnicas de respiração, como Ujjayi Pranayama, para imitar as ondas do oceano.



Somos feitos de três quartos de água; o que parece não fazer muito sentido, já que nos costumamos sentir tão sólidos...

Esta quantidade de água é água em movimento, em transformação, gerando vida no nosso corpo. Não somos reservatórios de água parada, mas cenários de constante movimento, que, através deste elemento, encontra a sua capacidade de se unificar, comunicar e dissolver.



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