Depois de começarmos a semana no feminino, honrando a mulher e a energia que suporta, sustenta, nutre, ampara e enraíza, e aproveitarmos a boleia da lua nova no signo de peixes, no Sábado passado, não há dúvida que estivemos (e ainda estamos) sob uma forte influência das energias cósmicas femininas, que existem em todos nós, homens e mulheres, em maior ou menor intensidade, possibilitando-nos um mergulho nas águas que representam, não só a energia feminina, mas também a lua e o próprio signo de peixes, e que nos levam às profundezas da nossa existência, ao contacto com a nossa sensibilidade e emotividade.
Por todas estas razões, o trabalho que temos estado a fazer nas práticas de yogasanas da semana passada e também desta semana, sobre o 2º chakra, Svādhiṣṭhāna, explorando abduções, flexões e extensões da coxa, servirá para criar espaço, mobilidade, fluidez, tónus e flexibilidade na cintura pélvica, ajudando-nos a estabelecer conexão com essa profundidade emocional e sensível em nós.
Anatomicamente, a estrutura pélvica é de extrema importância para a estabilidade, quer estática, quer dinâmica de todas as posturas de pé, através da articulação coxofemoral e sacroilíaca, sendo que muitas disfunções lombares provêm de uma fraca mobilidade e falta de flexibilidade destas articulações, muitas vezes provocada por más posturas que decorrem do sedentarismo ou da exposição exagerada a posturas sentadas, hoje em dia tão comuns em profissões que obrigam a ficar à secretária ou na condução de veículos, por vezes, mais do que 8 horas por dia.
Mas não só! Também a escolha adequada de calçado e a forma como posicionamos os pés na marcha são factores que podem contribuir para alterações posturais e estar na génese de desordens musculo-esquléticas e alterações biomecânicas da pélvis.
Psicossomaticamente, ao trabalharmos a estrutura musculo-esquelética da cintura pélvica em várias posturas de yoga, quer impliquem adução/abdução ou flexão/extensão, e porque o fazemos em conjunto com a acção respiratória consciente, estamos a movimentar energia, ao mesmo tempo que movimentamos as fibras dos músculos em todas as direcções.
No fundo, estamos a criar novos caminhos de acção e a desapegar de velhos padrões biomecânicos e bioenergéticos, que simplesmente não são saudáveis. E bem sabemos que, qualquer mudança é difícil. Pode trazer sentimento de tristeza, desânimo, sentimentos de perda ou insegurança. Sabemos que abandonar velhos padrões, tendências ou rotinas pode ser doloroso, mas também sabemos o quanto nos fará bem sair da zona de conforto a que estamos habituados, estimulando o nosso instinto, criatividade e intuição.
Trabalhar com a anatomia do corpo é muito parecido com isto! Dar atenção às zonas do corpo que se habituaram com determinada postura e perceber quais são as resistências e exageros do corpo é uma analogia para olhar para as resistências e exageros que, psico-emocionalmente, criamos na nossa vida!
A incrível ligação entre a bacia e as emoções
“A bacia é uma zona emocionalmente carregada, um lugar onde armazenamos algumas de nossas vulnerabilidades mais profundas,” - Lindsay Simmons, professora de Jivamukti yoga
A cintura pélvica é o lugar onde colocamos as emoções quando não sabemos mais o que fazer com elas. Faz sentido, considerando que muitos de nós temos ancas tensas e dor que as acompanha. Na verdade, a dor lombar geralmente origina-se na cintura pélvica, com as ancas e músculos das coxas e nádegas tensos. O aperto nas ancas e a tensão nas virilhas não é apenas físico; é muito mais do que isso.
Felizmente, na prática de yoga a atenção que é dada a esta zona é fundamental para nos ajudar a libertar dessas tensões e dar mobilidade à estrutura que suporta o pilar da vida: a coluna! Energeticamente, é o trabalho sobre os chakras inferiores que nos dá o suporte, a estabilidade, mas ao mesmo tempo a resistência flexível para nos irmos movendo e contornando os obstáculos da vida, com consciência de que são fundamentais para a nossa evolução, crescimento e ascensão!
"Se queres voar, enraíza-te"
Maria João
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