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A conexão com o divino em mim

Atualizado: 23 de nov. de 2023



O ponto energético onde o corpo e o ego se encontram com a alma e o Universo situa-se no topo da cabeça, em Sahasrara, o sétimo chakra.


A jornada espiritual começa com o desbloqueio deste chakra, quando iniciamos a busca interior por um significado mais profundo da nossa existência.


Sahasrara, conhecido também como o chakra do pensamento ou da coroa, que em sânscrito significa “lótus das mil pétalas”, é o portal da espiritualidade, do reconhecimento de Deus em nós e no outro, é a sede da consciência, o centro da união divina e de união ao propósito de vida, integrando o ser nos seus planos físico, mental e espiritual.


Com a activação deste chakra, que pressupõe a calibração de todos os outros chakras por meio da energia interior ou Kundalini, podemos chegar aos mais elevados estados de meditação e transcendência, pois é através dele que a energia cósmica penetra, energia essa que provém de uma consciência colectiva, uma matriz de energias interligadas, que se influenciam mutuamente. Sahasrara Chakra simboliza o próprio Cosmos!


No entanto, é bloqueado pelo materialismo, pelo apego ao mundano e a tudo o que existe no espaço/tempo. Abrir este chakra é libertar-se do mundo, abrindo as portas para a própria energia do universo, do macrocosmo.



A mente tem o poder de nos aprisionar ou nos libertar!


Quando desenvolvida uma compreensão sobre si mesmo, sobre o funcionamento da mente, o indivíduo tem a capacidade de ser livre, pois reconhece que não é apenas a sua personalidade, os seus pensamentos, mas que tudo isso faz parte de si, reconhece que não é apenas a mente que julga e anseia por controlo, mas é a consciência que o ilumina e que está acima dele.


Ao reconhecer isto, estabelece-se na sua própria natureza, que é divina e livre. Apesar de continuar ligado a tudo o que o rodeia, às latências dos chakras e às perturbações da mente, ele reconhece-se como o todo, como Pura Consciência que ilumina todos os aspectos de si mesmo, sem se identificar com eles, apenas os reconhece e ri, ri de si mesmo, ri dos outros e ri das armadilhas que a mente constrói para nos aprisionar.



Esta reflexão leva-nos ao conceito de Īśvarapraṇidhāna.

Este conceito, profundamente enraizado na filosofia yoga, integrado na metodologia Ashtanga de Patanjali, fala-nos da potencialidade da consciência individual (purusha, o si-mesmo individual).


Īśvarapraṇidhāna pode ter vários significados conforme os contextos, mas são sempre derivações de: “entrega ao Senhor”, “aceitação da vida”, “dedicação a todos os actos”, “auto-entrega”, “renunciar aos frutos da acção (pois todo o acto é dedicado a Íshvara)”.


(íshvara = Senhor; pra = diante; nidhána = depositar)


Pode ser entendido como devoção a Deus, abandonando a ilusão de controle ou entregando-se à essência da vida. Quando libertamos a ilusão de controle, cultivamos a humildade, que nos encoraja a ser honestos e pacientes, ao mesmo tempo que nos ajuda a aceitar e apreciar a nós mesmos como somos e ao mundo como ele é.


É especialmente importante aceitar o que não pode ser mudado para que possamos alocar a nossa energia de forma inteligente para mudar o que precisa ser mudado. Quando aceitamos a perfeição da vida, então as nossas objecções internas, comentários e predilecções diminuem (nirodha). Ishvara pranidhana pode ser resumido como intenção sincera juntamente com acção sincera.


Ele funciona como um arquétipo do praticante de yoga, uma referência ideal a ser seguida por quem se aventura na senda do Yoga.


Íshvara é, então, o Ser cósmico ou Eu Maior, Consciência e Princípio Universal, não afectado pelo tempo nem espaço, não influenciado pela angústia e suas fontes (ignorância, egotismo, paixão, aversão e apego à vida). As suas acções não produzem reacções, não guarda impressões, é sempre livre e consciente da sua liberdade.


Ao praticarmos Íshvara pranidhána não devemos estar presos a qualquer expectativa nem tão pouco apegarmo-nos aos resultados que possam surgir das técnicas utilizadas. Devemos, sim, entregar o fruto da prática ao verdadeiro agente, quando aceitamos e compreendemos que não podemos mudar o passado nem prever o futuro. Ao entendermos que existe uma inteligência superior e universal que cuida e faz fluir a vida, então podemos nos entregar por completo.


Tudo isto muda a nossa obsessão pelo “eu”, pelo ego que se assume tantas vezes como o responsável pelas acções e cobra o seu desfrute. Praticar íshvara pranidhána torna-nos mais humildes, esvazia-nos daquilo que não interessa e nos condiciona, deixando espaço para a serenidade e paz.


Ao fazer esta entrega ou devoção a íshvara, a essa ideia de não-limitação e não-ilusão, a senda do Yoga torna-se favorável ao yogui e este realiza o seu objectivo, o de libertar-se, ainda em vida, das agitações psico-emocionais que o desviam do caminho da serenidade e felicidade.


“O sábio reconhece-se como o ser que observa e que está livre das influências sensoriais e dos julgamentos da mente, sejam positivos ou negativos, entregando-se ao fluxo da vida e do cosmos.” – autor desconhecido



A influência bio-energética de Sahasrara Chakra


Quando este chakra está em equilíbrio, vivemos em paz e somos gratos e felizes com os eventos da nossa vida. Estamos conscientes da nossa ligação com o Todo e sentimos que existe um grande plano para tudo.


O aspecto energético de Sahasrara influencia a nossa dimensão física através da glândula PINEAL, considerada, desde há milhares de anos por vários místicos, actualmente confirmada por estudos académicos e científicos, a SEDE DA ALMA, promovendo a integração do corpo e da mente (alma).


A glândula pineal (epífise), é uma estrutura endócrina que suporta o equilíbrio do organismo, agindo como um órgão sincronizador, estabilizador e moderador. É o nosso relógio interno (órgão cronobiológico – sensível às alterações temporais exteriores como influenciadoras da regulação interna). Através da pineal ligamo-nos à 4ª dimensão (tempo), pois esta glândula consegue recolher informações só disponíveis nesta dimensão e trazê-las à nossa consciência (à 3ª dimensão), através de estímulos electroneuroquímicos.


A pineal produz melatonina (substância que regula o sono e outros ritmos biológicos), uma das principais hormonas anti-stress e participa ainda nas funções adaptativas e estimulantes. Este chakra rege o sistema nervoso central e o sistema endócrino, comanda o cérebro superior, o olho direito e está associado aos aspectos espirituais da humanidade e ao propósito de vida.


Conheça mais sobre esta espantosa estrutura endócrina, assistindo ao seguinte conteúdo:









Práticas que activam o chakra da coroa


Para estimular o chakra coronário, as práticas meditativas, de respiração consciente e relaxamento são as mais eficazes.


Umas das técnicas através da qual mais facilmente podemos aplicar e entender o conceito de íshvara pranidhána, é o Yoga Nidrā, o sono do yogui. Essa técnica, que vai muito além do relaxamento, depende basicamente da nossa capacidade de nos entregarmos e abandonarmos. É como se fossemos uma bóia ao sabor da maré, onde o movimento voluntário cessa e encaixamos no fluir natural do cosmos.



Na prática de asanas, Sahasrara é activado através da execução de posturas invertidas, as quais actuam no cérebro, promovendo tranquilidade mental, concentração e o desligar dos sentidos, condições fundamentais para a prática da meditação.


No início, estas posturas podem provocar sensações confusas, medo, pensamentos difusos, insegurança, pois colocamos o corpo/mente fora da zona de conforto e segurança. Mas quando dominadas, dão-nos auto-confiança, resiliência, auto-determinação e energia positiva.


Praticar posturas invertidas não significa executar manobras circenses ou manter posições acrobatas. Basta que a cabeça permaneça abaixo do nível do coração para inverter o fluxo bioenergético do corpo, para poder beneficiar desta prática e activar Sahasrara Chakra.


Eis alguns exemplos:



Benefícios das posturas invertidas:
  • Aumentam a irrigação cerebral

  • Melhoram a circulação linfática e do sangue venoso

  • Fortalecem o sistema imunitário

  • Actuam no sistema nervoso parassimpático

  • Melhoram os sintomas de fadiga, depressão e ansiedade


Contra-indicações:
  • Alguma lesão nas costas ou pescoço

  • Dor de cabeça

  • Doenças do coração

  • Tensão alta

  • Menstruação

  • Pressão arterial baixa

  • Gravidez (excepto se houver experiência com essa postura por parte da gestante)



Para experimentar uma sessão guiada de Yoga Nidrā ou uma prática de yoga orientada para a activação de Sahasrara Chakra, contacte através do e-mail:


Boas práticas!

Namaste!

MJ

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