Cuidar da alimentação é indispensável para ter um sistema imunitário forte, assim como ter uma boa digestão é também fundamental para um sistema imunitário forte. Para ter uma boa digestão é necessário saber que alimentos são os mais indicados, conforme o organismo, a época, a situação, etc.
As propriedades naturais de nutrientes específicos são utilizadas pelo organismo para aumentar a função do sistema imunológico, e os antioxidantes ajudam a eliminar as toxinas do corpo, que podem afectar negativamente o sistema imunológico.
Existem 2 abordagens naturais da saúde que se assemelham na forma como lidam com a doença, considerando-a um desequilíbrio da homeostase do organismo, que pode ser causado por uma variedade de factores: hereditariedade, lesões, má alimentação, eliminação deficiente de excreções, poluentes, uso de drogas, stress, trauma emocional, etc. O objectivo destas abordagens é identificar a causa do desequilíbrio e ajudar o organismo a recuperar a melhor condição da sua força vital e o equilíbrio homeostático, de forma natural e holística. Segundo estas abordagens, os sintomas são apenas sinais de que a força vital está a lutar contra alguma doença e não devem ser suprimidos nos corpos saudáveis.
Na perspectiva da Naturopatia, o objectivo é fortalecer a capacidade de cura inacta do organismo e fazer com que o órgão atingido pela enfermidade entre em equilíbrio com o resto do corpo. A maior ênfase é colocada no estilo de vida, mas também no tratamento. A Naturopatia é um sistema holístico que usa uma variedade de terapias e técnicas (como a nutrição, a desintoxicação, a mudança de comportamento, fitoterapia, homeopatia, acupuntura, hidroterapia, práticas espirituais). Neste tipo de terapia, é habitual usar as propriedades curativas de algumas especiarias, plantas e alimentos para fortalecer o sistema imunológico.
A Medicina Ayurveda é uma filosofia médica oriental que foi de desenvolvida no subcontinente indiano há milhares de anos. Propõe uma vida saudável em harmonia com as leis da natureza com o objectivo de se alcançar a felicidade, considerando a saúde um estado de completude que depende da integração corpo-mente-espirito. Esta sabedoria ancestral da vida, que remonta à época védica, recomenda, no geral, para fortalecer o sistema imunitário, o consumo de iogurte natural (como um próbiótico), laranja, limão, cenoura, abóbora e frutos silvestres que estimulam as defesas do organismo. Recomenda também comer a quantidade de alimentos que nutram o corpo e não comer demasiado à noite, nem ingerir mais alimentos a seguir ao jantar. O uso de especiarias é de extrema importância, podendo ser utilizadas nos cozinhados e em chás.
Eis alguns bons exemplos de alimentos, plantas e especiarias utilizadas quer pela medicina natural ocidental, quer pela medicina ayurveda, para reforçar o sistema imunitário:
O alho (Alllium sativum) apresenta propriedades antivirais, antibacterianas e estimulantes do sistema imunológico, sendo utilizado como recurso terapêutico da medicina tradicional para tratamento de infecções fúngicas, parasitárias e virais, a exemplo do vírus influenza.
O uso de probióticos também se revela bastante eficaz contra infecções provocadas por agentes externos, provavelmente devido à capacidade dos probióticos em realizar bloqueio da ligação viral por inibição competitiva. Podem não só contribuir para o normal funcionamento do sistema imunológico, mas também para impedir o crescimento de bactérias prejudiciais existentes no intestino. Alguns probióticos parecem aumentar a produção de anticorpos e de células da imunidade específica. Grandes fontes de probióticos incluem iogurte, kefir, kombucha, vinagre de maçã, ervilha, alimentos fermentados;
Os produtos apícolas (extratos de própolis, o mel, a geleia real e o pólen de abelha) vêm demonstrando múltiplas actividades biológicas, entre elas a capacidade de inibir a replicação viral, actuar como anti-inflamatório, promover acção sobre o sistema imunitário, actuando como imunomodulador, além de apresentar propriedades antibacteriana, antifúngica e auxiliar na redução da glicemia e colesterol.
Óleo de coco contém triglicerídeos de cadeia média (MCTs), uma categoria de gorduras com propriedades antimicrobianas, sendo mais comum o ácido láurico, que durante a digestão é convertido numa substância conhecida como monolaurina. Ambos têm propriedades antivirais e antifúngicas, ou seja, a capacidade de matar vírus, bactérias e fungos prejudiciais, como por exemplo bactérias que causam úlceras de estômago, sinusite, cavidades dentárias, intoxicação alimentar e infecções do trato urinário, ou os vírus responsáveis pela gripe e hepatite C, ou ainda infecções fúngicas em humanos como a Candida albicans. Podemos adicionar o óleo de coco à nossa dieta, usando-o em vez de manteiga ou óleos vegetais ao cozinhar ou assar;
A equinácea, que pertence à família das Asteraceae, a espécie Echinacee purpurea, em particular, que é utilizada para fins medicinais. Os índios da América consideravam-na a sua principal planta medicinal. Tem um elevado teor de alquilamidas, de compostos fenólicos e de alcalóides. Pode optar entre infusões, extratos sólidos normalizados e suplementos nutricionais. Um verdadeiro tesouro biológico, esta planta contribui para:
o funcionamento correcto do sistema de defesa natural;
a saúde das vias respiratórias superiores (contribui para acalmar a boca, aliviar a garganta e a faringe em caso de irritação, propiciar um efeito agradável ao nível da garganta e das cordas vocais);
manter a saúde das vias urinárias inferiores.
O ginseng (ou Panax ginseng) é a planta medicinal fundamental da medicina tradicional asiática. Os efeitos notáveis da sua raiz, cuja forma pode evocar uma silhueta humana, eram particularmente apreciados pelos imperadores chineses. O ginseng contém uma quantidade significativa de ginsenosídeos (também designados “panaxosídeos”), de triterpenóides, de polissacáridos e de vitaminas. Para tirar partido dos seus efeitos na imunidade, pode ser tomado como suplemento alimentar com um elevado teor de ingrediente activo, normalizado a 30% de ginsenosídeos. Contribui para:
apoiar o sistema imunitário;
manter bons desempenhos cognitivos;
manter boas relações sexuais;
manter a vitalidade e lutar contra a fadiga (7-9).
A curcumina, encontrada em especiarias tropicais e em particular na cúrcuma ou açafrão da índia, é um composto de interesse crescente devido sua capacidade antioxidante e anti-inflamatória. Em estudo por simulação, foi possível observar que a curcumina poderia actuar inibindo a proteína não estrutural 15 (Nsp15), que é codificada pelo coronavírus e essencial para o seu ciclo de vida. Portanto, quando há inibição desta proteína, ocorre a interrupção do ciclo de replicação e, consequentemente, redução da carga viral (BARQUERO, 2020). Esta raiz prodigiosamente potente contribui para:
manter a eficácia do sistema imunitário e a resistência às alergias;
apoiar o funcionamento do sistema nervoso;
manter a saúde do fígado;
apoiar a circulação sanguínea;
conservar uma pele saudável.
O gengibre é rico em gingerol, uma substância bioativa, que pode ajudar a reduzir o risco de infecções. Tem propriedades antimicrobianas que podem inibir o crescimento de vários tipos de bactérias, incluindo E. coli, Candida e Salmonella. Estudos feitos em células humanas apontaram que o gengibre fresco pode ajudar a combater o HRSV, um vírus responsável por muitas infecções respiratórias. Também tem efeitos anti-náusea, que podem ajudar a diminuir os sintomas;
O cardamomo (Elettaria cardamomum) apresenta actividade antiviral associada aos seus metabólitos secundários, nomeados limonoides (agliconas e glucosídeo-limoneno), que actuam nas plantas como agente protector contra pragas.
As sementes de Nigella sativa (Ns), cominho negro, são vastamente utilizadas no Oriente médico, norte da África e Índia como tratamento natural para doenças infecciosas, quadros inflamatórios e antiparasitário, bem como uma especiaria culturalmente importante, sendo acrescida a pães e preparações em geral.
É bom usar e abusar das plantas aromáticas como orégãos, tomilho e alecrim, mas não fará tanto sentido se esta medida não for no contexto de uma alimentação que inclua muitos vegetais verdes, cereais integrais em grão, proteínas maioritariamente vegetais, com muitos fermentados (que não precisam de ser derivados do leite) e antioxidantes presentes na fruta e nos legumes.
Laranjas, mirtilos, kiwi, melão, batatas, brócolos, pimentão verde, cenoura, espinafre e couve-flor são as principais frutas e legumes que deve consumir, fornecendo ao corpo grandes quantidades de ácido fólico, zinco e vitaminas A, B6, C e E, e todos os nutrientes que são muito benéficos para suportar o sistema imunológico.
Independentemente dos alimentos, plantas e especiarias que ingerir, os macro e micro nutrientes mais importantes para sustentar um sistema imunitário forte e resistente são:
Vitaminas C e D - reconhecidas como importantes moduladores da imunidade inacta e adaptativa, sendo observada a sua redução na presença de doenças e sintomatologias respiratórias. A vitamina C é reconhecida por suas propriedades antibacterianas anti-inflamatórias e antioxidantes e é importante na manutenção da integridade da membrana celular. A vitamina D participa na activação e multiplicação das células B e T, importantes linfócitos no combate a agentes específicos e diminuição da resposta inflamatória. Apesar de haver alimentos com um teor interessante de vitamina D, a exposição solar é essencial para atingir a dose diária recomendada, bastando uma exposição de 15 a 20 minutos fora da hora de pico de calor (a sua absorção só é possível sem uso de protector solar);
Vitamina B6 (piridoxina) - actua como coenzima no processo de transaminação para a síntese de aminoácidos, interferindo directamente no metabolismo proteico, sendo essencial para a multiplicação celular, produção das hemácias e das células do sistema imunológico;
Zinco - especialmente importante em jovens e adultos, actua directamente na função imunológica, por ser cofactor enzimático de várias reacções. Os alimentos com elevados teores de zinco são: carnes vermelhas, mariscos, leguminosas, sementes, frutos gordos, queijos, leite, ovo, cereais integrais, chocolate negro;
Selênio - um oligoelemento essencial, actua como cofactor para importantes peroxidases e sua deficiência está associada a elevação da patogenicidade e da taxa de mutação viral;
Ferro - a sua deficiência está associada à deplecção do sistema imunitário e ao desenvolvimento de infecções recorrentes do trato respiratório. Os alimentos ricos em ferro devem ser combinados com uma fonte de vitamina C para ajudar a aumentar a sua absorção;
Ómega 3 - ácidos gordos que são potentes modeladores da resposta imune, participando na activação de células da imunidade inacta e adquirida através de uma diversidade de mecanismos. Podemos encontrá-lo em peixes gordos como a sardinha, salmão, arenque, ostras, anchovas, cavala, caviar, em óleo de fígado de bacalhau, sementes de linhaça e de chia, nozes, feijões de soja;
Betacaroteno - é um dos três carotenóides naturalmente presentes que é um precursor da vitamina A, essencial na regeneração da barreira mucosa após infeção, na promoção da função dos glóbulos brancos e na imunidade mediada por células. Pode ser consumido nas cenouras, batata-doce, abóbora, espinafre, couve, bróculos, ervilhas, salsa;
Vitamina E - o seu efeito antioxidante é fundamental na imunidade na medida em que previne a oxidação da vitamina A, preservando a sua função. Os alimentos com maior teor de vitamina E são os óleos de gérmen de trigo, girassol, amêndoa e avelã, sementes de girassol, amêndoas, avelãs, pinhões, castanha do brasil amendoins, abacate, salmão do atlântico, truta, nabiça, manga e kiwi.
Spice It Up
Comer ou beber alimentos e bebidas apimentadas antes e depois da prática manterá o corpo quente e o sangue fluindo. Isso fará com que seu sistema digestivo se mova, eliminando todas essas toxinas desagradáveis. No entanto, esta prática não é aconselhada a pessoas com o dosha PITTA em desequilíbrio, pois pode acentuar as suas qualidades e aumentar a irritabilidade, o calor e a acidez no corpo/mente, ou pessoas com problemas ou sensibilidade gastro-intestinal.
Chá de ervas picante
Experimente um chá quente e picante antes de praticar e depois polvilhe um pouco de açafrão ou gengibre em vegetais cozidos no vapor ou canela e cardamomo com aveia quente.
Xarope ayurvédico
A junção de um conjunto de especiarias e mel faz um delicioso e potente antibiótico natural, indispensável na farmácia gastronómica caseira. Esta rotina pode ser considerado um tratamento profilático ou preventivo em por isso, deve ser iniciado com a mudança de estação (outono e primavera).
Pode ser tomado em forma de xarope ou diluído em água morna, uma colher de chá de manhã, em jejum, após as práticas de limpeza.
Ingredientes:
1 colher de cúrcuma em pó
1 colher de gengibre em pó
1/2 colher de canela em pó
uma pitada de pimenta preta em pó
2 colheres de mel do produtor
Conheça melhor os benefícios deste antibiótico natural, em https://www.instagram.com/p/CHTZkajFPW7/?utm_medium=copy_link
Para manter o organismo activo, protegido e fortalecido durante a época fria e húmida, ficam algumas sugestões que pode seguir antes e durante o inverno:
Optar por uma dieta alimentar preferencialmente vegetariana;
Adicionar temperos nos alimentos, como por exemplo, o alho, o gengibre e o açafrão para estimular o sabor e a assimilação;
Beber leite com cúrcuma ou fazer o xarope ayurvédico e tomar 1 colher todas as manhãs;
Comer frutas como mamão e limão;
Evitar bebidas geladas e alimentos frios;
Aumentar o consumo de plantas e ervas que aumentam a imunidade;
Tentar, tanto quanto possível, eliminar o stress e a exposição ao calor ou frio excessivos;
Caminhar regularmente;
Limpar as vias respiratórias com Jalaneti para remover potenciais infecções bacterianas ou virais. Depois fazer Kapalbhati ou expiração forçada para eliminar a água estagnada nos seios nasais;
Praticar Yoga com regularidade (asanas, pranayama e meditação).
Boas práticas!
Bons hábitos!
Boa vida!
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